sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

NA PISTA...



Não há coisa melhor do que a descrição de um piloto andando com seu carro em uma volta rápida num autódromo. A gente pode sentir ao menos um pouco da sua emoção. O relato a seguir é do nosso comparsa mais rápido, o Gilles313, que conta uma experiência com seu carro calçado com pneus slick na pista encharcada de Interlagos e lembra do que aconteceu na final de F1 de 2008 no mesmo autódromo. Vamos a ele:
“A respeito de um assunto que teve muita repercussão mas que já foi assimilado, lembrei-me de reportar aos comparsas uma experiência vivida na ultima terça feira de treinos em Interlagos.
Na parte da manhã correu tudo bem, tempo quente e seco, mas com muitas nuvens que prenunciavam o desabamento do mundo na parte da tarde, o que veio a se confirmar.
O carrinho calçado com pneus slick aguardava a decisão de ter os sapatos trocados para a condição de tempo quando me deu um estalo de verificar in loco como se comportaria na pista molhada com aqueles pneus.
Vamos ver então. Saída do box cheio de poças, sem velocidade, tudo ok..descida do S por dentro, encharcada mas ainda na linha, contorno do Sol e entrada da reta...começa a aventura.
O retão tinha água de todo lado, poças de todos os tamanhos, medidas e profundidades, rios, córregos, afluentes, nascentes..tinha de tudo...em velocidade já mais acentuada mas nada além de 110/120 o carro simplesmente boiava em cima da água, sem que houvesse qualquer possibilidade de controle.
A mais crua versão de se tornar passageiro mesmo estando ao volante do carro. Mesma sensação experimentada ao passar por cima das faixas brancas ao longo da pista.
O carro balança de tal forma que você não pode fazer absolutamente nada a não ser controlar o acelerador para não piorar a situação.
Frear? Nem pensar... continuar acelerando em cima da lâmina de água é tão divertido quanto inconseqüente e green card certo para achar o muro, guard-rail ou qualquer outro obstáculo além pista.
Mesmo assim dei mais umas 5 ou 6 voltas tentando assimilar todas as reações e acreditem, são intermináveis.
Tudo isso pra dizer que o pobre do Timo Glock não tinha a mínima chance, qualquer possibilidade, 0,1% que fosse, de segurar o carro calçado com slicks na ultima volta do GP do ano passado por mais que houvesse teorias conspiratórias versando o contrário. O que pude comprovar na prática.”


E você, já teve a experiência de dirigir numa pista de corrida? Pois se teve, conte já!

22 comentários:

Primo disse...

Sim, memoráveis experiencias, Don Buonanno.
tb tive sérios problemas para me manter na pista, e olha que o PlayStation era novo !!!

Anônimo disse...

Quando eu tinha uns 12 anos,estava treinado de kart no kartódromo de Interlagos quando começou a chover lá na balança....e eu vinha forte de slicks em direção a balança.
A chuva veio vindo contra mim e quando era tempo de freiar com biscoitos,eu já estava flat de slicks......
Dei uma porrada de costas nos pneus da balança e tive que ficar uma semana com aquelas porras no pescoço....
Em tres segundos me tiraram do kart,puxando pela ombreira do macacão e em pentelhesimos,mais tres karts bateram no mesmo lugar,inclusive MOENDO meu eixo traseiro.....

Buonanno disse...

Primo, mas era o PS II ou já era o III. huahuahua

Eric, foi por pouco, hein?

Anônimo disse...

Primo: mas.....tinhas tomado ?
Eric: relata se não é um inferno ser "passageiro" ?

O comparsa F250GTO me falou das sensações que eu senti naqueles momentos, então eu dissse que começa com prudência, passa para receio, preocupação, aí a insanidade começa tomar conta, depois muda para deleite, diversão e então quando vc já tássia (tá se achando) é avisado por quem tem visão privilegiada e assiste de cima que é ele que tá permitindo aquilo tudo, põe seu carrinho de lado..o fiofó tranca..vc faz todas as preces que conhece em 5 segundos e ao aprumar, respira fundo, vai pros boxes, troca a fralda e depois conta pros comparsas...

Anônimo disse...

Ser passageiro é legal só no rally de velocidade...mesmo assim....é phoda.

RACER X disse...

é isso aí, Primo. Já derrotei várias vezes no PS2 o Schumacher debaixo de chuva...parei de jogar pq a última vez me entusiasmei demais e esqueci de fazer parada...na última volta foi aquela fumada de principiante, hahahaha.

Já em Interlagos o máximo que fiz foi 16km (2 voltas no circuito velho) em 72 minutos!!
Fora as provas de revezamento já no circuito novo.

Pé de Chumbo disse...

Ô Primo, se não conseguiu ficar na pista com o PlayStation, tenta o Autorama.
Com aquelas guias, acho que dá pra melhorar...

Roberto Zullino disse...

Corri 3 anos de motocicleta, 1971 a 1973 no circuito antigo com uma Yamaha TD1, a primeira moto de corrida que a Yamaha fez. Essa moto teoricamente ainda é minha, mas estava no galpão do Luis Fernando Gonçalves, o "Anão Mardito", e depois que ele morreu não sei o que fazer.
Lembro bem das 500 milhas de 1973, uma chuva danada, acho que de moto é bem pior, vacilou cai, fora lama que entra por tudo quanto é lugar.
Voltei a correr de 2000 a 2003 com um 550 spyder réplica feito por mim mesmo em casa, um carro excelente, foi campeão em 2003, mas uma cadeira elétrica completa na chuva, simplesmente fica inguiável. Tentei andar com ele na chuva na Subida de Montanha do Jaraguá de 2008, mas resolvi sossegar o facho, passear e ir comer o churrasco. Não chega a ser um bração na chuva como o Prost, mas não gosto de andar na chuva, pois não sou pato. No entanto, foi bom o que o Gilles fez, tem que treinar para não ser surpreendido em uma corrida. Na hora é só analisar o que dá para fazer.

Anônimo disse...

Grande Zullino,porscheiro de coração...onde estava ontem???
Os Ferraisti estavam me pegando de pau aqui....

Roberto Zullino disse...

Eric,
Ontem fui estabelecer um contato com um dos ferraristi aqui, apenas para saber mais, pois sabe como é, de "inimigo" a gente tem que ser próximo para saber o que eles vão fazer.
Mas não se preocupe, os argumentos do pessoal são fracos e de vez em quando tem que dar umas vitóriazinhas para que não esmoreçam. Fora que têm telhado de vidro, mas mesmo assim jogam pedras no telhado do vizinho, é karma.
Minha decepção com os carros de Maranello tem razão. Amaciei uma Ferrari Dino Spyder 1973 de um vizinho. Fui umas cinco vezes e voltei para Campinas pela Anhanguera de madrugada. A primeira vez foi legal, mas quando passa o tempo e se pega a mão a coisa fica chata, não tinha motor, parecia um Gordini de 40 HP. Muito diferente de um Fuscone da época, onde a emoção era garantida todo o tempo. As grandes tem mais motor, mas não tem muito conjunto e o incauto levanta o pé. Os fuscones rabeiam, gritam, fazem um monte de firulas, mas não dão medo no piloto a ponto do mesmo levantar o pé. Fuscones respeitam o piloto se esse souber o que está fazendo, essa é a diferença.

Anônimo disse...

Isso aí...os Fuscones são para iniciados.

E são rapidíssimos nas maos deles....

Helio Herbert disse...

Eu já era da turma que enrolava o cabo no final dos anos 70 e 80,andava só na terra de preferencia com chuva,era barro puro,muitos tombos,muita adrenalina.Não passava um mes sem estar engessado em algum lugar do corpo,quando era dedo que quebrava eu mesmo já fazia o curativo não procurava o P.S.Boa parte dos meus parceiros de loucura já partiram para o outro plano,devem estar tirando racha lá no ceu.De todos os lugares malucos que eu andei de motocross,dois marcaram minha vida,o primeiro é a trilha do Bonete em Ilha Bela,e o outro é a calçada do Lorena,caminho esse feito em pedras pelos escravos,primeira ligação entre São Paulo e Santos,muito antes da estrada velha do mar.Ainda está la
a entrada da calçada do Lorena fica no inicio da descida da estrada velha de Santos do lado esquerdo.Vale a pena visitar.

Anônimo disse...

1981.
Choveu e parou, abrindo um solzinho tímido.
Saí pra treinar de Opala, estreantes e novatos. Contornei a 1 e 2 acelerando, louco pra recuperar o tempo perdido parado no box. Desci o retão passando em cima de um monte de poças d'água, que molharam bem os freios a disco e as pastilhinhas novas...
Ainda inexperiente e de pneu geladinho, freei onde estava acostumado para a tomada da curva tres, lá perto da faixa (tinha faixa, na época) dos 150 metros... E o carro nem tchuns, demorou um tantinho de nada - a 200 por hora - pro freio dar sinal de vida. Deu pra contar 1, 2, e aí grudaram as pastilhas mas... Muito tarde e muito depois de onde freava, o tontão aqui.
Prendi a respiração, a traseira deu sinal de vida e vim meio de lado descendo a tres e entrando na quatro, mas com as poças, mais a velocidade excessiva, mais meu bração duro não teve jeito: Apoiei a traseira na zebra da saída da quatro, a aquela traseira indócil escapou de uma vez, pra dentro. Virei do contrário o volante e ainda com os braços cruzados dei forte do lado de dentro da quatro, quase caindo pra dentro do lago, do jeito que eu vinha. Moeu tudo: guard-rail, motor que veio quase parar dentro do cockpit, cambio, cardã, diferencial e minha vergonha, esse o pior dano de todos, além da luxação nos dois dedões, que viraram de uma vez com o volante.
Minha carreira acabou ali, junto do carro.
Nunca, mas nunca mais mesmo andei em qualquer pista, carro ou kart que não experimentasse o equipamento devagar por duas ou tres voltas, e aproveitasse pra aquecer os bracinhos tambem.
Porra-louquice, alucinação ou pressa não levam a lugar algum.
Quer fazer tempo? Anda devagar e vai buscando os limites passo a passo.
O tempo vem e a saúde tambem.
Abraços.
"Leio mas não escrevo"
Claudio Ceregatti

Buonanno disse...

Ah, finalmente o Senhor Ceregatti nos dá a honra dos seus comentários. Maravilha!
Agora vai virar freguês?

Anônimo disse...

Ô Cerega, dá pra parar de fazer reserva de mercado do seu conhecimento e dividir com a gente aqui ?

Anônimo disse...

Mas o "Leio mas não escrevo" já não estava por aqui? Só voces querem ter "piceudômino"?? Ô raça viu...

Primo disse...

PdC (Pe de chumbo...rsss), tem um amigo aqui perto, do da Monza Autorama, que além de tudo é santista !!!
Pois bem, ia lá sempre ver os malucos andaram e tomar muitas, e as vzs ele me alugava como bandeirinha, ficar repondo os carros q rodavam.
Até que um dia, muitas latinhas na cachola, troquei as pistas e deu uma merda das grandes...huahuaaa

regi nat rock disse...

ô Zulino:
Nas suas andanças pelo Templo nos anos 70, por acaso tropeçou com o Vitão Damázio de Santos?
Um cara grandão mas que ia muito bem em duas rodas.
Chegou acho que em 4º ou 5º numa 500 km dividindo a moto sei lá com quem.
O Troféu tá com o filho dele, louco pra saber mais da carreira do pai que hj corre pelas trilhas e autodromos do céu.

Roberto Zullino disse...

Reginaldo,
Não lembro, mas na época pouca gente se chamava pelo nome, a maioria tinha apelidos, nem sempre lisonjeiros, o que torna difícil a lembrança e identificação.
Lamentavelmente, a Federação de Motociclismo não deve ter os registros e o Centauro Motor Clube também não. Quem promovia a maioria das corridas era o Centauro, inclusive as 500 milhas.
Uma fonte é o site www.motosclassicas70.com.br , lá tem a história das 500 milhas com os primeiros colocados pelo menos.
A Quatro Rodas fez uma reportagem das 500 milhas onde correu o Johnny Ceccoto, acho que é de 1973. Lá tem alguma coisa, notadamente o nome da figurinha que liderou na chuva de TD1 250 contra todo mundo de 350 até cair na ferradura, consta que era o escriba aqui, mas na verdade não era eu que estava pilotando, era o Hildebrando Vasconcellos com quem eu dividia a Yamaha TD1 250. Chegamos em 33 lugar em umas 55 motos, mas a única coisa que sobrou foi uma medalhinha de participação.

regi nat rock disse...

Zullino:
Obrigado.
Até o Dú Cardim tb procurou (e ele entende pacas de moto, é um arquivão). No Centauro, jogaram praticamente td fora.
Nem o Veloz HP (de boas lembranças), conseguiu informação e a biblioteca dele é de arrepiar (que o diga Ceregatti, atual guardião).
Na Folha da Tarde da época , publicou o resultado mas conseguir alguma informação por lá, só se levar a tiracolo (esses hífens..brrrrr) uma mãe de santo.
Paciencia ora.
Assim mesmo, obrigadão.
Só pra esclarecer a minha curiosidade, o Vitão foi meu cunhado e não gostava muito de contar as proezas.

Roberto Zullino disse...

Fui olhar na medalha e lá está:

500 milhas de Interlagos
19 de maio de 1974
CBM FPM
Folha da Tarde
Centauro Motor Clube

Eu achava que foi em 1973, mas pelo jeito foi em 1974. Vai saber, participei das duas e o Centauro não era lá essas coisas também em termos de registro. Coisas do Eloy.

O Eloy era tão doido que uma vez organizou umas 200 milhas, sei lá, pelo anel externo. Ele ainda estava com a cabeça nas Norton, Ajs, mas todo mundo corria de dois tempos e íamos embalando e a velocidade aumentando cada vez mais.

O Eloy se sentia como o "pai dos moleques" e ficava sinalizando para irmos mais devagar, uma figuraça, organiza uma corrida e manda o povo ir devagar.

Na realidade, acho que ele era mais ligado em carros, por isso organizou as Mil Milhas, sempre tive a impressão que nos achava um bando de débeis mentais. Era bronca para todo o lado, mas ele tinha o talento de fazer com que gostássemos dele por mais bronca que desse. Foi um dos grandes, sabia organizar, sabia vender, era sincero, ajudava, arrumava peças e apoio para quem não tivesse. O Eloy tinha a visão do espetáculo e se ele vivesse hoje o automobilismo não estaria assim.

Acho que você deveria falar com alguém que escreve na folha tipo flavio gomes ou o seixas.

Unknown disse...

Sim, gosto e só posso pilotar Karts é muito bom!

abs