sexta-feira, 13 de março de 2009

FARRAPO HUMANO...

O filme "Farrapo Humano" (The Lost Weekend, 1945), obra prima do diretor Billy Wilder, é considerado o melhor filme já realizado sobre o alcoolismo, sem fazer apologia do uso do álcool.
Abaixo, excertos do crítico
Daniel Dalpizzollo, sobre a obra:
"Não me recordo, no momento, de uma abordagem mais interessante e até mesmo complexa do que esta feita por Billy Wilder em 1945. É um filme que consegue, de forma sutil e bastante realista, englobar todas as questões que envolvem o vício, incluindo causas e também conseqüências sofridas por quem adquire essa “doença”. Embora contenha um final feliz (ou melhor, feliz se levarmos em conta o que poderia ter acontecido, já que as últimas linhas do texto não são nem um pouco agradáveis), é uma fita séria, por vezes deprimente, e pouco recomendada àqueles que procuram no cinema apenas diversão e escapismo. Apesar disso, é um filme brilhante, essencial aos verdadeiros apreciadores da arte. Mais uma obra-prima de um dos maiores diretores e roteiristas da história do cinema.
O roteiro de Farrapo Humano, construído quase que inteiramente acerca da personagem de Milland, é incrivelmente cheio de detalhes, como um bom produto de Wilder sempre o é. Assim como em seus melhores trabalhos, leia-se Crepúsculo dos Deuses e A Montanha dos Sete Abutres na parte dramática, e Quanto Mais Quente Melhor na parte cômica (ao menos dentro daquilo que já tive o prazer de assistir na extensa filmografia do diretor), Wilder desenvolve sua história de maneira inteligente, composta de diálogos cínicos e cheios de geniais sutilezas, que vão dando forma às características das personagens e das situações com o passar do tempo. No filme, o maravilhoso Ray Milland, em atuação que lhe rendera, merecidamente, o Oscar de melhor ator do ano, é Don, um desconhecido escritor que, com o acompanhamento do irmão, realizará uma pequena viagem de férias durante um fim-de-semana. Porém, dominado pela incontrolável necessidade de ingerir alguma dose de álcool, adia o horário da viagem e parte para o início de uma odisséia trágica e inesquecível em sua vida: deixado na cidade pelo irmão, após se atrasar para o embarque, sem dinheiro nem qualquer motivação para escrever, Don acaba rebaixando-se aos mais vergonhosos níveis de aceitação social, tudo para conquistar a tão sonhada garrafa de bebida. "


(texto Daniel Dalpizzollo, excertos/Foto reprodução)

8 comentários:

Roberto Zullino disse...

O filme deve ter sido inspirado no Ébrio de Vicente Celestino e Gilda de Abreu. Ou na Inezita Barroso cantando "A Marvada Pinga que me Atrapaia".

Não assisto filme triste.

Mestre Joca disse...

Humm, acho que não..

"O Ébrio" é de 1946, direção Gilda de Abreu.

"Marvada Pinga", composição de Ochelsis Laureano e Raul Torres, é de 1953, acho também meio difícil...
"Farrapo Humano" é de 1945.

Aliás, queria descobrir onde os tituladores de filmes brasileiros arranjam essas "pérolas".
Deprimente...hehehehehehe...

vitão disse...

não conheço muito cinema desta época não, mas curto o final do Casablanca, com o inspetor mandando prender os "usual suspects" .

Roberto Zullino disse...

Não deu, tentei, mas não foi desta vez que os USA se curvaram ante à nossa malemolência e criatividade.

Jovino disse...

Filmes tristes hoje eu até deixo de ver, mas não tem como não reconhecer o talento de Billy Wilder, que fez também a comédia "Quanto mais quente melhor" com merylin Monroe, Tony Curtis e Jack Lemon.
Um dos melhores filmes brasileiros para mim "vidas Secas", baseado na obra de Graciliano Ramos e que teve, se não me engano, menção honroso do festival de Cannes daquele ano.
Jovino

Primo disse...

Boa Joca, cinema é tudo de bom.
Diz a lenda que quando o cinema deixou de ser mudo, um crítico americano preconizou o fim da setima arte, sob o argumento q o som acordaria as pessoas, e cinema era lugar de dormir...para acordar de um sonho e entrar em outro!

Anônimo disse...

Mestre Joca,

Eu discordo que o filem Farrapo Humano seja o melhor do Billy Wilder. Como drama perde de longe para Crepúsculo dos Deuses e pra não alongar muito acho também Quanto Mais Quente Melhor muito superior como filme.

J. Henrique (SP)

Mestre Joca disse...

J. Henrique,

Sou suspeito pra falar porque este é um dos meus filmes de cabeceira, mas alinhavar o melhor do Billy Wilder é tarefa pra lá de espinhosa.
Mas você está em boa companhia..

Abs.